O que é hipnose?
O estado de transe hipnótico é uma interessante combinação de relaxamento físico e perspicácia mental. Importa perceber que transe hipnótico pode ser despoletado por processos naturais ou com a intervenção de um terapeuta ou facilitador.
Na realidade, a hipnose nada mais é do que um estado mental que todos nós experimentamos de forma natural várias vezes ao dia. Por exemplo, ao conduzir o carro, pode não se lembrar que está conduzindo, quando entramos em devaneio e sonhamos acordados. O estado hipnótico natural também acontece quando está enamorado, lê um bom livro, vê um filme interessante ou em qualquer outra atividade, onde todas as outras coisas parecem ter sido “bloqueadas” e deixamos de prestar atenção há consciência periférica. Em qualquer circunstância onde seja necessária uma grande concentração, automaticamente você se transfere para um estado hipnótico natural, pois somos geneticamente concebidos a entrar em processos biológicos e naturais de transe.
Inquestionavelmente, a forma como a natureza dotou os nossos cérebros configurou-os para entrar em estados de transe de forma natural e biológica e isso acontece várias vezes ao longo do dia. Estudos recentes apontam que entramos num estado psicologicamente idêntico à hipnose a cada 90 minutos – padrão de pensamento Alpha: 7 a 13 Hzt -, (Y. Cojan et al, 2009).
Neurofisiologia da hipnose:
A biofisiologia da hipnose diz-nos que o estado hipnótico é uma condição mental em que o cérebro humano apresenta alta atividade psíquica, e uma maior irrigação cortical e subcortical – uma ativação do mesencéfalo assim como o sistema límbico nomeadamente, parte frontal do giro cingulado, e ativação dos lobos frontais -, que desencadeia importantes reações cerebrais.
Estudos recentes apontam que ocorre um aumento na produção de várias moléculas neurotransmissoras como: endorfinas e serotonina – que liberta estímulos de bem-estar, combatendo a dor e a depressão; a dopamina e noradrenalina – que ajuda grandemente na cura de doenças ao fortalecer o sistema imunológico com o incremento dos linfócitos T e as células C4 e C8 responsáveis pelas nossas defesas, e manter a nossa homeostasia interna, etc. (Y. Cojan et al., Neuron, vol. 62, pp. 862-875, 2009.)
Definição de hipnose moderna preconizado por alguns dos seus principais autores:
A British Medical Association, que recomenda a técnica a todos os profissionais de saúde desde 1953, define o transe hipnótico como: “Hipnose é um estado expansivo de consciência, em comparação com os estados normais de vigília e de sono, em que a mente desenvolve uma acuidade à recetividade e à sugestão por parte da pessoa em transe.” (Association B.M. 1953)
“Hipnose é um estado de consciência no qual o conhecimento que adquiriu durante toda sua vida, e que você usa automaticamente, torna-se de repente disponível para mudanças qualitativas…” (Milton H. Erickson 1975)
“Hipnose é um estado temporário de atenção modificada que se caracteriza por uma sugestionalidade aumentada e que permite mudanças qualitativas e quantitativas fazendo usos do psiquismo interno…’’ (Rossi, E. & Rossi, K. 2007).
“O estado transe hipnótico pode acontecer através de condicionamento de ordem superior. Para o ser humano, obviamente a fala fornece estímulos condicionados que são tão reais como qualquer outro estímulo e novas associações podem ser feitas… …Isto explica a grande e insuperável influência das sugestões como um estímulo durante a hipnose, bem como logo após esta.” (Pavlov, 1960).
A hipnose, com sua história longa e cheia de altos e baixos na medicina, oncologia e psicoterapia, está a granjear notoriedade por parte das neurociências. Com efeito, estudos recentes, usando RMF do cérebro de pessoas que são suscetíveis à sugestão hipnótica, indicam que quando elas agem de acordo com as sugestões dadas, os seus cérebros apresentam profundas mudanças na maneira que processam as informações. As sugestões, dizem os pesquisadores, literalmente mudam o que as pessoas veem, ouvem, sentem e acreditam ser verdadeiro.
Considerado o pai da hipnose moderna, Milton Erickson, descreveu o processo hipnótico como um estado livre e expansivo de consciência, no qual a nossa individualidade pode florescer para a aquisição de novos recursos e experimentar caminhos mais saudáveis de cura.
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